Sim, é. Para cientistas e profissionais da saúde, neste momento, há poucas dúvidas e um consenso: a obesidade é uma doença (CID - Cadastro Internacional de Doenças - E66).
Células de gordura secretam moléculas com característica inflamatória, fazendo com que a pessoa com obesidade apresente um estado de inflamação sistêmica de baixo grau que facilita o aparecimento de outras doenças que tem como base a inflamação, como: pressão alta, síndrome dos ovários policísticos, diabetes e doença arterial coronariana, por exemplo.
Além disso, devido ao excesso de peso, pessoas com obesidade podem apresentar dificuldades respiratórias, cardíacas e articulares. É como se o corpo precisasse trabalhar mais do que de fato foi programado, gerando complicações e desgastes.
O que vale falar aqui é que a obesidade não explica tudo. A pessoa pode ter dor de cabeça frequente por tomar muito café e beber pouca água e não pelo seu excesso de peso, por exemplo. Não podemos atribuir tudo à essa doença e não devemos definir o paciente à esse diagnóstico; cada indivíduo é único e merece uma avaliação que considere seu histórico, informações clínicas, contexto, preferências e etc. Reduzir a causa de todos os males à obesidade me parece uma avaliação bastante rasa e por vezes preconceituosa.
Outro ponto importante é que nem toda pessoa com obesidade é mais doente que uma pessoa eutrófica (com peso normal). Ter um peso normal não garante saúde; classificação de IMC [Índice de Massa Corporal: peso corporal em quilos/altura em metros ao quadrado) é apenas UM parâmetro no meio de outros tantos, como: pressão arterial, níveis de colesterol, circunferência abdominal, presença/ausência de transtornos mentais e etc.
Ainda, ter obesidade não é sinônimo de desleixo, é uma doença que, como tantas outras, tem causa multifatorial. Pode ter a ver com uma combinação de genética que predispõe, sedentarismo crônico, grande oferta de comida açucarada na infância, traumas da adolescência, comer emocional...! Compreender a complexidade da doença é importante para que não esqueçamos que o tratamento exige tempo e é multidisciplinar (endocrinologista, psiquiatra, psicólogo, nutricionista e educador físico).
Tratar obesidade como doença é um dever para profissionais da saúde e um sinal de lucidez de toda a população.
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