A pesagem dos alimentos para seguimento de dietas com objetivo de emagrecimento ou aumento de massa muscular tem se tornado cada vez mais popular, graças às redes socias, como Instagram e TikTok. Isto tem um lado bom: as pessoas vêm se dando conta da importância da quantidade dos alimentos (e não só qualidade) para melhores resultados em saúde e estética.
Entretanto - na minha prática clínica - na maioria das vezes, não costumo ressaltar a importância da pesagem propriamente, mas sim das porções em medidas caseiras (exemplo: 1 copo tipo requeijão de leite; 4 colheres de sopa cheias de arroz...), pois são mais intuitivas e exigem menos preparo para o ato da refeição. Na minha avaliação elas deixam o processo de reeducação alimentar/dieta mais fluido. De qualquer forma, os pacientes atendidos recebem uma lista de substituições que contempla informações sobre medidas caseiras e gramatura dos alimentos (prontos para consumo) para que tenham mais autonomia.
Mas como em nutrição nada é absoluto, é importante avaliar o contexto. A pesagem pode ser útil em algumas situações e aqui vou descrever quais são elas:
- Com alimentos em que facilmente as pessoas "perdem a mão": pães caseiros que não vêm fatiados e queijos em peça são exemplos de alimentos que podem ser facilmente consumidos em quantidade dobrada (em relação ao que foi prescrito pelo profissional) se não forem pesados. #DicaÚtil: 1 fatia padrão de pão tem 25g e 1 fatia padrão de queijo tem de 20 a 30g;
- Com alimentos que a pessoa refere consumo excessivo: lascas de coco, castanhas, amendoim e queijos são exemplos de alimentos que algumas pessoas têm dificuldade em parar de comer, mas são saudáveis. Caso a pessoa esteja a fim de mantê-los na dieta, mas dentro das medidas controladas, a pesagem é bem-vinda;
- Quando é necessário "apertar" a dieta: durante um tratamento nutricional, pode ser necessário fazer ajustes na estratégia para melhores resultados. Passar do modo 'não pesar os alimentos' para 'pesar os alimentos' pode ser o ajuste necessário para adequar calorias e macronutrientes;
- Quando a pessoa tem o hábito de pesar os alimentos e se sente bem com isso: algumas pessoas já vêm pesando seus alimentos na rotina e gostam desta prática, pois se sentem mais seguras e tranquilas. Neste caso, a princípio, não há motivos para cessar com este costume;
- Para preparar receitas doces (não necessariamente açúcaradas :P): bolos, tortas, sorvetes e etc. são preparos que exigem mais cuidado na proporção de ingredientes do que as comidas de sal, por isso, para o bolo não desandar vale lançar mão da balança.
Em contrapartida, vale ressaltar que em alguns casos a pesagem dos alimentos pode ser um tiro no pé:
- Para pessoas que comem muito mal: sair de uma alimentação rica em comida ultraprocessada (ex: rica em refrigerantes, biscoito recheado e salgadinho) e partir para uma dieta saudável e muito rigorosa com as quantidades pode ser tão desafiador quanto desanimador. Focar em ampliar o paladar com comidas gostosas&saudáveis tende a trazer melhores resultados;
- Para pessoas com má relação com a comida: pessoas com pensamentos e comportamentos dicotômicos (ex: "comer açúcar é proibido") e punitivos (ex: fazer jejum de muitas horas após uma festa de aniversário) devem ser desencorajadas ao controle excessivo em relação ao que entra da boca para dentro. Um comer mais intuito deve ser fortalecido;
- Para pessoas com transtornos alimentares ou de ansiedade (ou com as doenças ativas): bulimia e anorexia são exemplos de doenças que tem na sua raiz uma relação complicada do indivíduo com a comida. Na ansiedade a organização é importante, mas o excesso de controle pode ser prejudicial. Vale olhar para estes casos com atenção.
E aí, curtiu as informações? Espero que tenham sido úteis! :)
Com carinho,
Nutri Júlia Lorenzon
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