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"É natural! Mal não faz." Será?




Vejo muitas pessoas com esse discurso e entendo de onde ele vem, afinal eu sou a primeira pessoa a dizer que quanto mais natural melhor. Acontece que toda frase objetiva esconde nuances.


Nem tudo que é natural é bom. Nem tudo que é natural é à vontade. Algumas plantas podem levar à queimaduras de pele, chás em excesso podem ser tóxicos e até mesmo a ingestão extrema de água pode ser fatal.


Ver o público leigo acreditando que água de berinjela trata colesterol e que água com limão emagrece é algo previsível, trata-se da busca por atalhos e/ou algo meio místico, e cabe aos profissionais da saúde o combate à desinformação.


Entretanto, tenho visto profissionais da área mascarando o uso de pseudociência com esse discurso bonito, para leigo ver, de "natural é sempre melhor". E já adianto, não é. Quando uma pessoa busca a solução de um problema em saúde, cabe à nós profissionais a escolha da melhor conduta (baseada em evidências científicas); aquela que tem mais potencial de resolver o problema (com menos efeitos colaterais e melhor custo benefício).


No momento que uma pessoa com câncer, por exemplo, se depara com uma nutricionista que trabalha com "dieta anti-câncer" (uma aberração), ela pode abandonar a busca ou o seguimento do melhor tratamento disponível (como a quimioterapia em alguns casos, por exemplo) por se sentir seduzida pelo tratamento alternativo mais "natural", indolor e menos estigmatizado.


Ao investir em tratamentos pseudocientíficos, pessoas perdem tempo - e com isso qualidade e/ou anos de vida - e dinheiro, o que vai completamente contra os princípios éticos que orientam os profissionais da saúde. A pseudociência precisa ser divulgada, desmascarada e combatida.


Desconfie de respostas simples para problemas complexos; tenha pé atrás com soluções - em saúde - que seduzem por parecerem mais "mágicas, puras e naturais" e vão contra o que é consensual.


A ciência está a favor da sociedade e não levanta bandeiras fervorosas, ela simplesmente é. É através dela que decisões melhores podem ser tomadas e é com o respaldo dela, aliado à expertise clínica e valores e preferências do paciente, que médicos, nutricionistas e outros profissionais devem decidir suas condutas.



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